terça-feira, 3 de novembro de 2009

Reinterpretar o Eu



Se deixarmos o passado sem o curar, ele irá destruir as nossas vidas. O passado esconde o nosso dom, a nossa criatividade e os nossos talentos.


Fomos ensinados que é difícil ir atrás dos nossos sonhos. E não nos disseram que é ainda mais difícil viver cada dia sabendo que não estamos a viver os nossos sonhos.


Se não tivermos a coragem de fazer as pazes com o nosso passado, iremos sempre transportar ás costas a raiva, o ressentimento, a culpa, a impotência, a vergonha e o medo.


O poder para fazer as pazes com o passado está já dentro de si, mas só irá surgir quando você estiver preparado e desejoso de fazer as mudanças na sua vida. Quando o desejo de mudar for mais forte que o desejo de querer manter tudo como está. Claro que é sempre mais fácil culpar os outros pela situação que estamos a viver agora, neste momento.


Tem que estar preparado para abraçar o passado se quiser fazer verdadeiras mudanças no seu presente. O nosso passado é o que dá forma ao que vemos, ao que dizemos e à maneira como vivemos.


Saiba que os preconceitos são passados de geração em geração, de maneiras muitas vezes subtis. A dor também é passada de geração em geração. O medo, a vergonha, a culpa, a impotência, também são passados de geração em geração. Não sei se já tinha mencionado: o medo é passado de geração em geração. Os seus problemas actuais são seus, ou herdou-os?


Muitas pessoas decidiram já que não seriam como os seus pais! Mas temos que ter sempre presente que passamos os anos mais importantes da nossa aprendizagem a absorver os conhecimentos e comportamentos dos nossos pais. Todas as suas qualidades e defeitos.


Saiba que todos os eventos negativos da sua vida são na verdade bênçãos disfarçadas de problemas. A dor tem um propósito. Ensina-nos e guia-nos a níveis mais elevados de consciência.


Há um ditado chinês que diz “O mundo é um mestre para o homem Sábio, e um inimigo para o louco”. Nenhum evento é doloroso em si. É tudo uma questão de perspectiva. É importante saber que tudo o que acontece no mundo acontece porque tem que acontecer, e é perfeito na forma como acontece. Não há erros. Não há acidentes. O mundo é um paraíso e um inferno. Qual a sua perspectiva?


Não há ninguém neste mundo que diga o que eu digo da maneira que o digo. Ninguém neste mundo faz as coisas que eu faço na forma exacta em que as faço. Eu sou eu e tu és tu. Cada um de nós é único e cada um de nós tem um caminho especial a percorrer.


Por forma a ganhar sabedoria e liberdade do seu passado, tem que aceitar total responsabilidade por todos os eventos que ocorreram na sua vida. Aceitar a responsabilidade significa afirmar: “Fui eu quem fez aquilo.” Há uma grande diferença entre o mundo fazer-lhe coisas a si e você fazer coisas a si mesmo. Quando aceita a responsabilidade pelos eventos na sua vida, e pela sua interpretação desses eventos, sai do mundo da criança e entra no mundo do adulto. Ao aceitar a responsabilidade pelas suas acções e inacções , você desiste da sua história pessoal (que é sempre qualquer coisa à volta de “Porquê eu?”) e transforma-a em “Isto aconteceu-me porque eu precisava de aprender uma lição. Isto faz parte da minha caminhada”.


De acordo com Nietzsche, desejar que o nosso passado não tivesse acontecido é desejar que nós não tivéssemos acontecido. É praticamente impossível mudar de direcção na nossa vida sem antes fazer as pazes com o passado. Cada evento significativo da nossa vida muda a forma como interpretamos a própria vida, e a perspectiva que temos dela.


A ideia de revisitar o passado pode parecer aterradora, mas é uma parte essencial do processo. O nosso passado é uma bênção que nos pode guiar e ensinar, e transporta consigo tantas mensagens negativas como positivas.


A nossa dor pode ser o nosso melhor mestre. Irá levar-nos a lugares que nunca teríamos a coragem de ir de outra maneira. Quantas pessoas estariam dispostas a sofrer durante 20 ou 40 anos só para descobrir a vontade da sua alma?


Aceitar a responsabilidade total pelo nosso passado é uma tarefa avassaladora. A maioria de nós está preparada para aceitar responsabilidade pelas coisas boas que nos aconteceram, mas resistimos aceitar a responsabilidade pelas coisas más que foram sucedendo. Mas quando aceitamos a responsabilidade total por todos os eventos, tornamo-nos mais fortes com cada evento ocorrido. Mesmo que nos sintamos envergonhados ou magoados por qualquer evento, podemos encontrar paz no saber que de alguma forma o evento está a ajudar-nos a descobrir o nosso dom. Tornamo-nos responsáveis por tudo o que acontece. Dizemos ao Universo: “Eu sou a fonte da minha própria realidade!” Este é o lugar de poder a partir do qual pode alterar a sua vida.


Enquanto não for capaz de olhar o seu passado olhos nos olhos, ele estará sempre por perto, trazendo-lhe mais experiências em tudo iguais ás do passado. Mas tudo o que precisa é de uma mudança na sua perspectiva.


Para alterar a nossa percepção precisamos de encontrar cada momento do nosso passado até encontrar uma interpretação poderosa que nos permita aceitar a responsabilidade. Não faz ideia da energia que gasta para provar a si mesmo que tem razão e que não foi ‘culpa’ sua! É claro que é sempre mais fácil culpabilizar os outros pelas coisas que não gostamos no nosso mundo.




Há sempre dor quando somos vítimas das circunstâncias: a dor do desespero e do desalento. Mas você vive num universo onde tudo acontece por um motivo. Procure a bênção em todos os eventos da sua vida e irá dar por si no caminho da gratidão. Irá ter a experiência do que é ser-se abençoado.


Cada palavra, incidente e pessoa em relação à qual ainda sente existir uma carga emocional tem que ser estudada, olhada na cara, reconstruída, re-perspectivada e abraçada. Temos que caminhar até à origem da nossa dor. E tomamos as rédeas da nossa vida ao escolhermos as nossas interpretações.


Ao inventarmos uma nova interpretação estamos a utilizar a forma mais simples de transformar uma experiência negativa em outra, positiva. Tudo o que acontece no nosso mundo é objectivo. Não possui um significado inerente. Mas cada um de nós vê o mundo com um olhar diferente, sendo que cada um irá atribuir um significado diferente a dado evento. É a nossa percepção e interpretação que afecta as nossas emoções, e não o incidente em si. É a nossa percepção e interpretação quem nega a nossa responsabilidade e atribui as culpas.


Cada um de nós tem que tomar uma decisão consciente de alterar o nosso mundo, alterando as nossas percepções. Mude a percepção, a interpretação, de uma palavra ‘má’ apenas, e irá descobrir que não só a palavra perde a sua carga emocional, como esta carga lhe é devolvida com poder.


Autor: Emidio Carvalho
http://asombrahumana.blogspot.com/

Um comentário:

ana (bilbao) disse...

é bom passar por aqui, cris, e recolher força para continuar =)
neste momento, percebendo uma vez mais a vida aprisionada que levo aos meus pensamentos, e tentando desenvolver a força para descobrir quem sou, hoje, para além deles.
espero que estejas bem!
beijo em sorriso =)