terça-feira, 28 de julho de 2009

Deixe que o caso de amor entre a criança e Deus aconteça por si só


Pedir a uma criança para acreditar em Deus é um absurdo
, o mais completo absurdo - não que Deus não exista, mas porque a criança ainda não sentiu essa necessidade, esse desejo, essa carência.

Ela não está pronta para sair em busca da verdade, a verdade suprema da vida. Ela ainda não está madura o suficiente para indagar sobre a realidade da existência. Esse caso de amor tem de acontecer algum dia, mas só poderá acontecer se nenhuma crença lhe for imposta.

Se ela for convertida antes que se manifeste a vontade de explorar e de saber, então toda a sua vida será vivida de maneira falsa; ela irá viver uma pseudovida.

Sim, a criança vai falar de Deus, porque ela ficou sabendo da existência de Deus. Ela ficou sabendo de maneira autoritária; ela foi informada por pessoas que eram muito poderosas na sua infância - os pais, os padres, os professores.

Ela ficou sabendo por pessoas e acreditou; era uma questão de sobrevivência para ela. Ela não podia dizer não a seus pais, porque sem eles ela não teria sido capaz de viver. Era muito perigoso dizer não, ela tinha de dizer sim. Mas esse sim não podia ser verdadeiro.

Como poderia ser verdadeiro? Ela disse sim apenas como um expediente político, para sobreviver. Vocês não a converteram numa pessoa religiosa; vocês a converteram num diplomata, vocês criaram um político. Vocês sabotaram o potencial dela para se tornar um ser autêntico. Vocês a envenenaram.

Vocês destruíram a própria possibilidade da inteligência dela, porque a inteligência surge apenas quando surge a vontade de aprender. Agora, a vontade nunca surge, porque, antes que a pergunta tomasse forma em sua alma, a resposta já havia sido dada.

Antes que ela tivesse fome, o alimento entrou forçado dentro do seu ser. Agora, sem fome, esse alimento forçado não pode ser digerido; não há fome para digeri-lo. É por isso que as pessoas vivem como canos através dos quais a vida passa como um alimento não-digerido.

Osho, em "Intimidade - Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros"

terça-feira, 14 de julho de 2009

Necessidades e desejos



Os desejos são muitos, as necessidades são poucas. As necessidades podem ser satisfeitas; os desejos, nunca. Desejo é uma necessidade que enlouqueceu. É impossível satisfazê-lo. Quanto mais você tentar satisfazê-lo, mais ele pedirá.

Conta uma história sufi que, quando Alexandre morreu e chegou ao paraíso, ele estava carregando todo o seu peso: todo o seu reinado, ouro, diamantes - é claro que não em realidade, mas como uma idéia.

Ele estava demasiadamente oprimido pelo fato de ser Alexandre. O guardião do portal do paraíso começou a rir e perguntou: "Por que você está carregando tanto fardo?"

Alexandre retrucou: "Que fardo?". Então o guardião lhe deu uma balança, em um dos seus pratos colocou um olho e pediu a Alexandre para colocar no outro prato todo o seu peso, sua grandeza, seus tesouros e o reinado.

Mas aquele olho ainda permaneceu mais pesado que todo o reino de Alexandre. O guardião disse: "Esse é um olho humano. Ele representa o desejo humano e não pode ser satisfeito, não importa quão grande seja o seu reino e quão intensos sejam os seus esforços."

Depois, o guardião jogou um pouco de poeira no olho, que imediatamente piscou e perdeu todo o seu peso.

Uma pequena poeira de entendimento precisa ser jogada no olho do desejo. O desejo desaparece e permanece somente a necessidade, que não é pesada. As necessidades são muito poucas e são belas. Os desejos são feios e transformam os seres humanos em monstros; eles criam loucos.

Assim que você começar a aprender a escolher a serenidade, um pequeno quarto será suficiente, uma pequena quantidade de comida será suficiente, poucas roupas serão suficientes, uma pessoa amada será suficiente.

Osho, em "Osho Todos os Dias"
Imagem por hisks

O CASAMENTO PERFEITO









"É interessante observarmos que em nosso mundo moderno estamos vivendo aquilo que não somos. Pessoas se encontram em uma festa querendo parecer boas, fortes, perfeitas, lindas, de sucesso, performáticos sexuais, inteligentes, maravilhosos. O fato é que não gostamos de muito do que somos, e escondemos isso atrás de uma aparência perfeita (máscara) que então exibimos aos outros. Como todos fazem isso, a relação que se forma é entre máscaras e não entre pessoas reais. A pessoa real está sufocada atrás da máscara porque não aceita o que ela realmente é. A não aceitação do lado imperfeito da personalidade gera um jogo de esconde-esconde que acaba por aleijar a nossa totalidade, e ocasionar uma distorção no que realmente Somos. Quando um determinado homem e mulher se casam, descobrem que aquele parceiro que escolheram não é aquela pessoa que imaginavam. Então se frustram e não entendem como o parceiro mudou tanto. Ninguém mudou. A verdade apareceu. A verdade aparece inapelavelmente.

Este é o destino de não sermos verdadeiros e não sabermos nos situar em Quem na Verdade Somos. Se você sabe que você não é a personalidade, que investimento terá em esconder algo? Se você aprender a enraizar-se na Presença, os pensamentos sobre você mesmo não serão apenas pensamentos, energia que a vida atrai para este corpo. Você mesmo é sempre perfeito. Perfeito é o que o outro também é.
O casamento perfeito começa dentro de você. Se você casou antes com você mesmo, então tudo estará bem. O CASAMENTO PERFEITO TEM MAIS A VER COM VOCÊ DO QUE COM O OUTRO. Tenha consciência disso."
SWAMI SAMBODH NASEEB

terça-feira, 7 de julho de 2009

Morrer ou viver?


A intençao de escrever aqui uma pequena reflexao sobre a morte me foi inspirada pelos momentos atuais onde acumulam-se assuntos e eventos ligados à esse tema, como os acidentes de aviao recentes e a morte de Michael Jackson.

Todos sabemos que é um assunto que sempre atraiu a atençao dos homens sendo a maior causa de medo nas pessoas, os medos mais profundos e mais ancetrais. Vendo toda a multidao comentando, impressionados com a morte, temos a impressao que as pessoas pensam que isso é algo que nao acontecera com elas, mas com os outros, os que nao tiveram muita sorte para escapar dela. O que é compreenssivel pois temos tendencia à esconder os nossos medos, à nao enfrenta-los, à tentar acreditar que isso nao è envisajavel, por mais que a razao saiba que é a nossa realidade.

E as pessoas estao vivas e querem saber se existe vida apos a morte, e que tal perguntar se existe vida apos o nascimento ? Inverter a pergunta muda tudo, e refletir profundamente sobre essa pergunta pode mudar a nossa vida.

A morte é muito triste, mas mais triste ainda é morrer sem nunca ter vivido. Sem nunca ter aprendido a desfrutar a vida em toda a sua plenitude, em toda a sua beleza e toda a sua imensidao. Aprender a amar-se e a ser doce consigo mesmo. Se voce se pergunta mas como fazer isso, voce ja deu o primeiro passo. Procure, investigue. Conheça a realidade à partir da observaçao e da atençao. Tome conciencia sozinho do seu ser, de quem voce é.

Conhecer-se intimamente, sem julgamentos e sem as etiquetas que a sociedade nos da, sem reprimir o que é ruim e destacar o que é bom. Observar a nossa propria historia, a forma da construçao da nossa personalidade, de nossos medos e angustias. Para dar lugar ao seu potencial criativo, à beleza unica e exclusiva de seu ser e conhecer a verdadeira felicidade .

Isso significa sair da escuridao em que estamos imergidos, através da sua propria chama, intriseca ao seu ser.

Acredite, se voce mesmo nao acender essa chama, ninguém vai faze-lo, todos querem impedi-lo, incluindo a sociedade e a igreja. E à partir dai … nascer, « re-nascer », ressuscitar (a menssagem de Jesus ?), VIVER, com V maiusculo, e nao o caminhar para o fim, mas fazer de cada minuto um novo re-começo.

"Nos somos como nozes, nos devemos ser quebrados para sermos descobertos." Khlil Gibran


Cristina

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Caminhadas e montanhas


Trekking Vanoise.


Vista do Mont Blanc du Tacul.

Voltamos recentemente de férias na montanha. Foram duas semanas entre Pralognan e Chamonix.

Na primeira semana fizemos um trekking da volta dos Glaciers da Vanoise, foram 4 dias de caminhada em autonomia total. Apesar da autonomia nao conseguimos acampar em cada etapa porque é proibido. Entao acampamos uma vez e as outras dormimos em refugios de montanha.

As paisagens sao lindas! Voces podem conferir nas fotos no link:

Fotos Cris férias nos Alpes

Mas foi duro!! Caminhar com mochila pesada, as reviravoltas do tempo, pegamos frio, vento glacial, ou sol muito forte!

Em seguida fomos para Chaminix-Mont Blanc, para mim foi muito especial visitar o cenario de tantas aventuras que li nas historias de montanhistas como Maurice Herzog , Gaston Rébuffat ou nos romances de Frison Roche ... Um lugar mitico.

Nao esperava que fosse uma cidade tao aristrocrata, esperava um ambiente mais descontraido, mas é cheio de turistas ricos, de boutiques caras e de gente rica que esta longe de estarem la para escalar montanhas com as proprias pernas... Mas os montanhistas estavam também aos montes. E uma cidade bem cosmopolita.

Entre uns passeios por perto como ir visitar o Mer de Glace, passamos a fronteira da Suiça para subir um outro glacier, o Galcier do Trient. Foram mais dois dias de caminhada e uma noite no refugio, com o objetivo de se aclimatar para a subida do Mont Blanc. Um dos lugares mais bonitos que ja vi!

E finalmente, a subida do Mont Blanc! Contratamos um guia que nos propos a subida em um dia pela via do Cosmiques. Eu falei que nao caminhava rapido mas ele inssistiu e disse que somos esportivos. No fim entendemos que ele nao tinha outra opçao, pois nao estava livre para faze-lo em dois dias... e para nao perder os clientes ele insistiu... Bom, tudo isso para explicar que nao conseguimos chegar ao cume do Mont Blanc... :op

Partimos de manha cedo pelo teleférico, sendo que o primeiro teleferico começa às 7:10, começamos a descer a Aiguille du Midi à 7:45 e atacamos a subida do Mont Blanc du Tacul. O guia impôs um ritmo de caminhada d'enfer, o que fez que chegasse no cume com muitas dores nas pernas... La no alto vi o Maldito, o "Mont Maudit", digo. Ainda mais assustador que o Tacul. O Tacul tem 500m de desnivel, o Maudit deve ser por ai, mas é mais ingrime... O Mont Blanc encontra-se ainda depois do Maudit.

Como estava previsto que o tempo ia se degradar no começo da tarde, nao tivemos mesmo muita escolha à nao ser dar meia volta. Fomos ao cume do Tacul (4.280m) e começamos à descer, e depois subir a Aiguille du Midi para tomar o teleférico. A previsao da méteo nao estava errada, às 14h começaram as tempestades... Bref, tant mieux estar em segurança e com vida. Para comemorar o sucesso da subida do Mont Blanc du Tacul, fomos comer uma raclette em Chamonix! Apesar das piadas, foi um belo passeio, e a vista do cume é maravilhosa!

Na proxima vez, se ela existir, iremos pela via do Gouter que é menos ingrime, fazendo em dois dias para poder caminhar num ritmo tranquilo e ter tempo de sobra para ir e voltar sem pegar as tempestades do fim da tarde.

O balanço final é que depois de uma viagem dessas a gente se sente "lavado", renovado, como uma folha em branco... Fisicamente exaurido, mas a cabeça zero bala ;o)

Abraços da Cris