quarta-feira, 25 de março de 2009

DEZ LIÇÕES ZEN


1. A Fonte de tudo é Energia Pura. O que todos sempre chamaram Deus nada mais é que um princípio cósmico de onde tudo flui, e para onde tudo retorna. Um vazio criativo. Uma consciência única. O que os taoístas chamam de Tao.


2. Da Energia Pura aparecem corpos para ela poder viver conscientemente milhões e milhões de experiências na forma e no espaço. Nasce a criação. A criação é uma aparência da consciência. Eu e você somos uma aparência da consciência. Nós somos intrumentos da consciência divina. Mas o intelecto tem idéias que impedem o livre fluir da energia humana. Eis o sofrimento.

3. Você é Energia Pura que tomou a forma de um corpo humano NA TERCEIRA DIMENSÃO.

4. O cérebro humano recebe esta Energia Pura e a transforma em pensamentos, o que chamamos a consciência pessoal de uma pessoa. É o que torna uma pessoa singular e única. Esta consciência pessoal (que chamamos de Mente), inclui o temperamento, o jeito, o caráter da pessoa, e é formada pelo contato do cérebro humano com a Energia Pura ou Consciência Pura.

5. O cérebro decodifica a Energia Pura em forma de pensamentos e energia vital.

6. Desse modo o ser humano imagina que pensa. Mas o tempo inteiro a realidade é que ele é pensado junto com a vida, ele é simplesmente a vida, o ser humano não está separado da vida, porque não há ninguém separado da vida. A vida é tudo que há. Não há um ser separado da vida e de todas as coisas que estamos conscientes. Tudo é consciência.

7. Não somos os pensadores e nem os fazedores. É a Energia Pura que existe como real. O restante são imagens, são fenômenos que acontecem no tempo e no espaço.

8. Se você não pode controlar os pensamentos, é porque você não é os pensamentos. Pensamentos bons e maus acontecem a você, acontecem à consciência, mas não tem poder algum se você não lhes der poder.

9. Pensamentos acontecem, logo, ações também acontecem.

10. Se os pensamentos não são controlados por você, então tudo está acontecendo pela rede da vida, e você é apenas um observador. Nenhum pensamento tem poder. Pensamento + você pensando e acreditando, isso sim, tem poder. O pensamento não tem poder. Quem tem poder é você. Consciência é poder. Consciência é tudo que há.


Por SAMBODH NASEEB em:

http://naodual.blogspot.com/2009/03/dez-licoes-zen.html

segunda-feira, 9 de março de 2009

Amarga comemoração

Desculpe se agora o assunto toca "no que todos preferem nao falar", ou nao pensar. Mas coloquei abaixo o texto de Claudio Lembo que faz um reflexao sobre o caso da menina de 9 anos engravidada pelo padastro, em que a igreja catolica excomungou os médicos que realizaram a interrupçao da gravidez.

O assunto da violencia sexual contra a criança, no Brasil e no mundo esta nos mostrando o quanto essa sociedade é doente. O que fazer para cura-la? Começa-se por nao fechar os olhos para essa violencia. A hipocrisia protege o agressor, e vemos muito que a sociedade tende à fazer isso e a igreja também. O primeiro passo para proteger uma criança que passou por isso é reconhece-la como vitima e admitir que ela sofreu uma violencia. Negar a situaçao com medo da vergonha é proteger nao so esse mas todos os abusadores de crianças que sempre existiu. Temos que refletir sobre as possiveis origens de comportamentos como esse dentro de cada um para entender o que esta acontecendo com a sociedade. Como por exemplo questionar esse exagerado culto ao fisico, ao qual as mulheres se submetem assumindo o papel que quer dar-lhe a sociedade: nao mais do que um objeto sexual.

Que as verdades sejam ditas e que os inocentes sintam-se protegidos e defendidos, para que essas pessoas se envergonhem de utilizarem-se dos mais fracos para satisfazer as suas promiscuidades. Atitudes como essa da igreja so pioram as coisas, impondo uma outra violencia, a de portar um filho ja oriundo de um ato nao consentido, sem possuir a menor estrutura fisica e psicologica para tal. A igreja faz o que a sociedade faz também, culpar a mulher, por existir, por ser a "origem do pecado", uma vez que homens como esse nao conseguem controlar o seu lado animalesco. Um pergunta: a igreja propoz a excomunhao do agressor??? Entao, a igreja proteje o agressor e age com essa crueldade contra a criança? Qual o problema da igreja contra as mulheres?

Bref... às vezes preferiria nao saber de coisas como essa...

Amarga comemoração

Cláudio Lembo
De São Paulo (SP)

"Os meios de comunicação trazem ao conhecimento da sociedade episódios que, antes, ficavam escondidos no interior dos mais variados segmentos, algumas vezes sem voz e sem identidade.

Sempre aconteceram práticas de violência contra as crianças. Por toda a parte. A moderna literatura escancara episódios de forma amarga e inaceitável.

Em todos os tempos, o incesto e a promiscuidade estiveram presentes em determinados situações. Algumas vezes escondidos pela imensa pobreza e outras pela excessiva opulência.

Em ambas as hipóteses, configuram-se - o incesto e a promiscuidade - como enfermidades graves de ordem psicológica. Quase sempre indicam vontade de posse contra o mais fraco.

Nada mais abominável. Agredir moral e fisicamente uma criança é ato indigno. Merece forte e grave repúdio. Nem sempre, contudo, é assim. Por vezes, motivos díspares afastam uma análise crítica da atitude do adulto.

Ainda agora, toma-se conhecimento de cena degradante. Um padrasto abusou durante longo tempo de sua enteada, menina com apenas nove anos de idade.

Uma criança. Apenas uma criança. No entanto, na sua tenra idade, usada sexualmente, engravida. Uma tragédia de incomensurável dor. Um sentimento de vergonha invade as consciências.

Nenhuma palavra ergueu-se contra o agressor. A hierarquia religiosa romana apenas execrou o ato de equipe médica que, autorizada pela Justiça e pela mãe da menor, afastou a gravidez.

Médico e sua equipe foram excomungados, isto é, excluídos da comunidade religiosa à qual pertencem. Aplicou-se a mais grave das censuras canônicas.

Nada de processo legal. A pena foi aplicada sem qualquer conhecimento dos acusados. A vontade exclusiva da autoridade. Um fundamentalismo excessivo.

Muitas as variáveis presentes. Uma menor indefesa. Um homem rude e sem escala de valores. Uma equipe médica autorizada a romper gravidez indevida. Uma autoridade religiosa de visão dogmática.

No centro da polêmica uma mulher, ainda criança. Aqui, ainda um traço dramático. Tudo ocorreu nos dias que antecederam a data internacional das mulheres.

A coincidência mostra como ainda não existe na sociedade contemporânea, apesar dos avanços, vontade de preservar a mulher em sua fragilidade física. Manter seu corpo inviolável, sem seu expresso consentimento.

Há um machismo milenar nas consciências masculinas. Este ainda coloca a mulher, muitas vezes, como mero objeto, sem consciência e vontade própria.

Pode ser agredida. Se a agressão conduzir ao uso não autorizado de seu útero, nada há a fazer. Aconteceu. Ponto e basta. Sofra a mulher todas as conseqüências de sua condição feminina.

Um absurdo. A situação da mulher necessita ser repensada e reexaminada dentro dos cânones de uma sociedade que procurou oferecer igualdade entre os sexos.

Falsa igualdade, como se constata no amargo episódio da menina de nove anos. Ela, por ser mulher, deve suportar todos os ônus de sua feminilidade. Ser agredida. Portar a gravidez fruto da concupiscência masculina e adulta.

A preservação da atual visão da figura da mulher merece ser revista. Já não se admite ver a mulher como na Idade Média, quando milhares foram sacrificados nas fogueiras inquisitoriais.

Não possuíam culpas individuais. Muitas foram vítimas da luxúria masculina. Esta perdoada pelos mais fúteis motivos. É tempo de repensar a tragédia humana.

Se existe uma verdadeira intenção de tornar a mulher companheira da travessia, torna-se necessário recompor a forma de vê-la e compreender sua fragilidade face à brutalidade da vida contemporânea.

É tempo de mudar. No futuro dia oito de março, lá em 2010, espera-se a verificação de avanços. Autoridades civis e as hierarquias religiosas precisam abandonar velhas condutas.

Na vida há situações e situações. Cada uma com peculariedades próprias. Em cada situação, torna-se necessário um exame de seu perfil. Jogar todas em um mesmo cânone é praticar o pecado da omissão."

sexta-feira, 6 de março de 2009

A arte de viver




A arte de viver



"O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los. As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro o que eu entendo por 'vida'. Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito. Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe. Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão. Para mim o primeiro princípio da vida é meditação. Tudo o mais vem em segundo lugar. E a infância é o melhor momento. À medida que você envelhece, significa que você está chegando mais perto da morte, e se torna mais e mais difícil entrar em meditação. Meditação significa entrar na sua imortalidade, entrar na sua eternidade, entrar na sua divindade. E a criança é a pessoa mais qualificada porque ela ainda está sem a carga da educação, sem a carga de todo o tipo de lixo. Ela é inocente. Mas infelizmente a sua inocência está sendo considerada como ignorância. Ignorância e inocência tem uma similaridade, mas elas não são a mesma coisa. Ignorância também é um estado de não conhecimento, tanto quanto a inocência é. Mas também existe uma grande diferença que passou despercebida por toda a humanidade até agora. A inocência não é instruída - mas também não é desejosa de ser instruída. Ela é totalmente contente, preenchida... O primeiro passo na arte de viver será criar uma linha de demarcação entre ignorância e inocência. Inocência tem que ser apoiada, protegida - porque a criança trouxe com ela o maior tesouro, o tesouro que os sábios encontram depois de esforços árduos. Os sábios têm dito que se tornaram crianças novamente, que eles renasceram... Sempre que você perceber que perdeu a oportunidade da vida, o primeiro princípio a ser trazido de volta é a inocência. Abandone o seu conhecimento, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, suas teologias, suas filosofias. Nasça novamente, torne-se inocente - e a possibilidade está em suas mãos. Limpe a sua mente de todo conhecimento que não foi descoberto por você mesmo, de todo conhecimento que foi tomado emprestado dos outros, tudo o que veio pela tradição, convenção, tudo o que lhe foi dado pelos outros - pais, professores, universidades. Simplesmente desfaça-se disso. Novamente seja simples, mais uma vez seja uma criança. E esse milagre é possível pela meditação. Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação. O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade. Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída. A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela. Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo. Naquele estado oceânico, o corpo toma uma certa postura. Você próprio já observou isso, mas não estava alerta. Quando você está com raiva, você observou? seu corpo tomou uma certa postura. Na raiva você não pode manter as suas mãos abertas: na raiva, a mão se fecha. Na raiva você não pode sorrir - ou você pode? Com uma certa emoção, o corpo tem que seguir uma certa postura. Pequenas coisas estão profundamente relacionadas no interior... Uma certa ciência secreta foi usada por séculos, de modo que as gerações futuras pudessem entrar em contato com as experiências das gerações mais velhas - não através de livros, não através de palavras, mas através de algo que vai mais profundo - através do silêncio, através da meditação, através da paz. À medida que seu silêncio cresce, sua amizade cresce, seu amor cresce; sua vida se torna uma dança, momento a momento, uma alegria, uma celebração. A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo... Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza." OSHO, O Livro da Cura